Ana Quintans

Neste momento ia até 1781!

Estive há pouco tempo a ler as cartas de Mozart para o pai na altura em que estava a escrever o Idomeneo e fiquei deliciada. Não fazia ideia de quão semelhante aos dias de hoje era então o processo da estreia de uma ópera. Dei-me conta de que Mozart estava a escrever o III Acto quando já estavam a decorrer os ensaios de cena dos Actos I e II — o que é algo que acontece frequentemente com a música contemporânea. Fiquei deliciada pelo tipo de linguagem (ele diz horrores do cantor que fazia o Idamante!) e também pela forma como Mozart, que queria já fazer outro tipo de teatro, tenta dominar um libreto com o qual não estava satisfeito a cem por cento, por considerá-lo um pouco ultrapassado. Gostaria de ser mosca e de poder assistir às primeiras reacções à música — ao Quarteto, por exemplo, algo de absolutamente novo que Mozart acreditava que viria a resultar, mas que provocou resistência nos cantores, pois não tinha propriamente uma linha vocal que lhes permitisse brilhar. Aquilo era, porém, uma estrutura que Mozart já tinha em mente e que mais tarde resultaria muitíssimo bem.

Gostei imenso de ler essas cartas e gostaria muito de assistir a esses ensaios em Munique.

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