O cidadão José Manuel Domingos Alves Mendes, nascido em 1944, faleceu há poucos dias, no passado dia 24 de janeiro — dois dias depois daquele que foi o seu 75º e último aniversário. Para os seus familiares e amigos foi, obviamente, uma enorme perda.

Mitigada, porém, pelo facto de com esse falecimento não ter morrido o artista que ele era e que durante decénios nos deleitou com os seus livros, desenhos, caricaturas. O seu nome artístico sempre foi Zé Manel e, citando o livro Eros uma vez… o Humorista Zé Manel de Osvaldo Macedo de Sousa: Zé Maneis há muitos, “Zé Manel” há só um e é ilustrador humorista.

Não cabe aqui tentar biografar Zé Manel — a sua assinatura é de imediato reconhecida não só por todos aqueles que amam e se especializam no desenho de humor, mas também por todos os portugueses que folhearam jornais, revistas, semanários nos últimos decénios.

O que talvez se não saiba é que na fase final da sua vida Zé Manel acalentou um projeto de livro dedicado à ópera, ou melhor, aos seus grandes intérpretes. A coisa nasceu de conversas que íamos trocando e durante as quais lhe contava ou histórias que tinha presenciado no Teatro de São Carlos ou excertos de entrevistas que eu ia fazendo a grandes cantores. O Zé Manel, que sentia o mundo em traços, logo quis pôr em desenho algumas dessas histórias.

O projeto, por razões várias, não foi avante, mas dele ficaram alguns esboços, estudos, desenhos, intenções. Pedi à Isabel, a viúva, se os podia mostrar neste blogue e, dada a sua autorização, assim farei. Mostro hoje apenas alguns esboços de caras. Nos próximos capítulos, contarei histórias.