Alcestes

Alcestes

A história de Alceste, a fidelíssima esposa de Admeto, que se dá em troca dele à morte, já cantada e estabilizada por Eurípides na tragédia com o mesmo título, foi, tal como muitos mitos da Antiguidade Clássica, aproveitada por vários compositores de ópera. Para além do mais, era um mito que lidava com o amor e a fidelidade conjugais, uma das virtudes mais louvadas pelos artistas neo-clássicos na generalidade e tema dileto aos libretistas do século XVIII.

Pois esta história de Alceste e de Admeto deu azo a inúmeras óperas. Recordemos algumas.

L’Antigona delusa da Alceste, ópera de P. A. Ziani, representada em Veneza em 1660.

Alceste, tragédie em musique de Lully, representada em Paris em 1664.

L’Antigona delusa da Alceste, ópera de Ortensio Mauro, representada em Hannover em 1679.

Admeto, re di Tessaglia, ópera de Handel, em 3 atos, representada no King’s Theatre de Londres em 1727. Curiosamente, esta ópera assinalou, numa remontagem de 1754, a última produção de uma ópera de Handel em vida do compositor. Handel manejou o título novamente quando escreveu música de cena para uma peça de Smollett – hoje perdida – intitulada Alceste.

Alceste, ópera de Gluck, versão italiana, representada em Viena em 1767.

Alceste, ópera de Gluck, versão francesa, representada em Paris em 1776.

Alceste, singspiel de Anton Schweitzer, representada em 1772.

Alceste, ópera de Pietro Alessandro Guglielmi, representada em Milão em 1768.

Alceste , ópera do compositor inglês Rutland Boughton, representada em 1922.

Alkestis, ópera do compositor austríaco Egon Wellesz, representada em 1924.

De todos estes títulos, o(s) de Gluck continua(m) a ser o(s) mais representado(s) em todo o mundo. A versão francesa, que agora ouviremos na produção Jenkins / Vick protagonizada por Ana Quintans, continua a ser apresentada e tem sido veículo para algumas das maiores cantoras dos últimos 250 anos. Recordemos, pois, algumas das grandes intérpretes do papel nesta versão.

Alexandrine Caroline Branchu — protagonizou uma produção em Paris em 1825.

Wilhelmine Schröder Devrient — protagonizou uma produção em Dresden em 1846.

Pauline Viardot — protagonizou a edição de 1861 de Paris, devida a Berlioz.

Germaine Lubin — protagonizou a ópera nos anos 20, 30, 40 e cantou-a em Covent Garden em 1937.

Kirsten Flagstad — protagonizou uma edição no Met de NY em 1952.

Maria Callas — protagonizou uma edição no Scala de Milão em 1954.

Janet Baker — despediu-se com o papel do Covent Garden em 1961.

Jessye Norman e Anne-Sophie von Otter são outras das grandes artistas que deram voz à dilacerada esposa de Admète.

Os que estiverem em São Carlos nas récitas de Alceste e assistirem — decerto espantados, e mais não digo! — à chegada de Hércules na visão de Graham Vick, podem compará-la com esta outra visão: a do pintor francês Charles Antoine Cyple, que em 1750 nos deixou um quadro intitulado Hércules e Alceste onde se representa o momento em que Hércules restitui Alceste a Admeto, depois de a trazer dos Infernos.

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