O compositor francês Camille Saint-Saens (1835-1921) é nome lustroso na história da lírica devido a apenas um título — Sansão e Dalila, de 1877. Quem se lembrará, de facto, de ter ouvido Le timbre d’argent, La princesse jaune, Étienne Marcel, Henri VIII, Proserpine, Ascanio, Phryné, Frédégonde, Les barbares, Hélène, L’ancêtre e Déjanire, óperas que escreveu de 1865 a 1910?
Para além de compositor, Saint-Saens foi um dos mais consagrados pianistas do seu tempo (a sua excecionalidade neste domínio manifestou-se desde os 11 anos de idade) e nesta categoria se apresentou por duas vezes no Real Theatro de São Carlos: em novembro de 1880 e em abril de 1906, com 45 e 71 anos de idade respetivamente.
Na primeira das ocasiões atuou a 5, 8, 10 e 13 de novembro, mas parece não haver registos dos programas completos das apresentações dos dias 5, 8 e 13. No dia 10, e à propos da recente produção da ópera de Gluck no nosso palco, Saint-Saens interpretou o seu Capricho sobre bailados da ópera “Alceste”.
Folheando O António Maria de Raphael Bordalo Pinheiro encontro dois desenhos referentes a essas atuações do grande pianista em São Carlos. Constate-se as datas: 11 e 18 de novembro — foram desenhados em cima do acontecimento! Os desenhos de Bordalo Pinheiro (onde são focadas várias obras do compositor : Le Déluge; Danse Macabre; Une nuit à Lisbonne, etc.) são, como sempre, uma delícia!