Camilo Castelo Branco escrevia versos às divas da sua eleição. Laura Geordano nunca cantou no nosso Teatro, mas foi diva no Porto e suscitou esta erupção poética de Camilo.
À SENHORA LAURA GEORDANO, NO DIA DO SEU BENEFÍCIO NO REAL THEATRO DE SÃO JOÃO, EM 31 DE MAIO DE 1854
A Ti meus hymnos, que me dás instantes
L ivres da vida positiva e fria!
A Ti, Geordano, minha lyra envia
U m canto pobre d’expressões soantes.
R ica de galas festivaes e ovantes
A penas tu! e um anjo só podia
G ravar teu nome em divinal poesia,
E ternizar-te em mil canções brilhantes!
O h! se podessem as canções da lyra,
R ainha d’arte, com seus sons divinos,
D izer os cantos, que o teu anjo inspira!…
A voz do homem tem fataes destinos!
N ão diz falando como a dor delira;
O uve, e não sabe como são teus hymnos.