Férias em Lisboa, Sempre!

Não será necessário apresentar Joan Sutherland, dado que ela foi uma das mais incontestadas intérpretes do belcanto italiano da primeira metade do século XIX, mas, apesar de ter feito furor em todo planeta sobretudo pelas suas encarnações das heroínas de Donizetti e de Bellini, Sutherland foi também grande intérprete de repertório francês e uma abalizada verdiana; neste último domínio foi incontornável a sua leitura do papel de Violetta de La Traviata. Foi com esta ópera que ela veio ao Teatro de São Carlos uma única vez, em abril de 1974. Foram, obviamente, representações históricas, a todos os níveis, dado que quando decorria a última récita, cantada a 24 de abril de 1974 no Coliseu dos Recreios, já se movimentavam os tanques que concretizaram … o 25 de abril!

Sutherland teve problemas, como o tiveram todos os cantores estrangeiros presentes no nosso país na ocasião, pois as fronteiras fecharam, o aeroporto esteve suspenso e muitos voos foram anulados. Parece ter sido, assim, um período um pouco assustador para o soprano australiano. Apesar disso, ela recorda-o sem amargura ou má recordação. Foi isso que respondeu quando lhe perguntei se gostou de ter estado nessa Lisboa em “estado de sítio”:

Gostei muito de estar em Lisboa, devo confessar. Estamos [Richard Bonynge, o marido, era o maestro das récitas em Lisboa] sempre a pensar regressar para umas férias em Portugal, mas ainda não o fizemos.

 

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