“MY FONDEST MEMORY”

O maestro inglês John Eliott Gardiner esteve em São Carlos nos Anos 90 do século passado como impulsionador e director musical de um  grande projecto mozarteano que trouxe ao nosso e a vários outros palcos europeus alguns importantes títulos operáticos do compositor de Salzburgo.

Parece que para John Eliot Gardiner este foi um tempo de felicidade, tal como confessou numa entrevista dada em Dezembro passado à revista “BBC Music”.

Dizia ele:

Muitas vezes a actividade de maestro leva-nos para longe de casa durante semanas a fio , o que provoca a todos nós saudades da família.

Em 1993 eu estava contratado para dirigir Figaro em diferentes teatros espalhados pela Europa, como parte do projecto – que se estendeu por sete anos – de encenar, dirigir e gravar todas as sete obras da maturidade de Mozart. Eu e Liz [Elizabeth Wilcock, violinista], minha mulher na altura, decidimos então retirar os nossos três filhos da escola durante todo o Verão, para que eles pudessem participar nas produções em palco do Fígaro em Paris e em Lisboa. Nessa altura Francesca tinha nove anos, Josie sete e Briony apenas quatro. Na produção, eles tinham pequenas partes como adoráveis mini-Cherubinos  e também cantavam nos coros. Vivendo mergulhados na ópera durante todo o Verão – e que ópera! – eles passaram a adorar o Fígaro e a  sabê-lo todo de memória. Também conheceram e ficaram amigos de todo o elenco. Sinto que eles participaram directamente nessa experiência tão incrivelmente especial para mim.

As carreiras das minhas filhas seguiram por caminhos fora da música, mas elas permanecem intensamente musicais e parece que a música do Fígaro mozartiano nunca as abandonou.