A revista inglesa Opera, que acompanha a minha vida há decénios, tem uma rubrica regular intitulada “People” dedicada a personalidades que o editor considera relevantes no mundo da ópera. Já por lá vi passarem todos os nomes incontornáveis do mundo da lírica.
Pois no 464º capítulo dessa rubrica, que foi publicado na Opera do passado mês de Julho de 2018, a convidada era Julia Jones, maestrina que durante anos nos habituámos a ver à frente da nossa Orquestra Sinfónica Portuguesa.
Julia Jones, nesse artigo/entrevista de Nick Kimberley que relevava a “próxima” Carmen dirigida em Wuppertal pela maestrina no mês de julho (quando a O.S.P. por cá se apresentava no Festival Ao Largo), falou dos anos em que esteve à frente da nossa formação sinfónica (2008-2011).
Julia Jones recordou que esses foram anos muito difíceis para Portugal, onde a recessão internacional bateu fortemente: “A economia estava a afundar-se e todos sofriam. Quando eu cheguei pude fazer aquilo que desejava – monumentais peças sinfónicas, em que era livre de contratar instrumentistas extra e fantásticos cantores – mas por volta de 2011 não havia dinheiro. Tivemos cortes, e falava-se mesmo em fechar o teatro e eliminar a orquestra. Foi difícil, mas eles continuam lá, estão de novo em ação e é maravilhoso saber que conseguiram!”.
Julia Jones ficou com fortes ligações a Portugal — de outro modo, não escolheria o nosso país para residência.