Astrid Varnay é considerada uma das maiores intérpretes wagnerianas e straussianas da segunda metade do século XX e da História. Abarcou, porém, outros repertórios (o verdiano, por exemplo, e com papeis tão inesperados como Amelia em Simone Boccanegra). Presença fundamental na Bayreuth dos Anos 50, Varnay esteve em São Carlos em duas ocasiões, nos anos de 1964 e 1965, para cantar Kundry em Parsifal e Elektra. Quando falei com a cantora nos Anos 90 do século passado ela recordava PRECISAMENTE as datas em que tinha cantado em São Carlos.
Nós vamos aqui recordar o seu timbre, falado, contar-nos essas recordações. Numa rápida tradução, eis o que Varnay me disse:
Sinto-me feliz por poder dizer-lhe que Parsifal foi no último dia de janeiro, com uma segunda apresentação no dia 2 de fevereiro. De 1964. Vê-se que agradei, porque me convidaram para Elektra no ano seguinte, em 1965, também em janeiro.
Estar em Lisboa em janeiro é mais quente do que estar na Alemanha e recordo-me que não pude ver muito entre os espectáculos com a Kundry. Depois, porém, entre 21 e 24 de Janeiro [de 1965] estive a ver os edifícios e recordo-me de belíssimos locais – as casas, tudo… Creio que pronuncio bem a palavra “azulejo” Estes azulejos eram algo belíssimo de ver! Os espectáculos foram verdadeiramente fabulosos e seguramente agradei, pois fui de novo convidada.