Mozart — E ópera é…

Uma vez lidas, Mozart fica nosso amigo para toda a vida” – é assim que Romain Rolland se refere ao numeroso conjunto de cartas mozarteanas que nos ficou. Passagens de algumas dessas cartas permitem-nos ter uma ideia muito precisa da atitude do compositor perante a ópera e revelam-nos claramente que este era o domínio de que Mozart mais gostava:

Para mim, antes de tudo está a ópera” (17 de Agosto de 1783);

Fico fora de mim só de ouvir falar de uma ópera ou só por ir ao teatro e ouvir cantar” (11 de Outubro de 1777). Na mesma data escreve ainda: “Tenho um desejo irreprimível de escrever uma ópera”.

Por fim:

Sinto inveja de todos os que escrevem óperas. Eu choro quando ouço uma ária de ópera. O desejo de escrever óperas é uma ideia fixa em mim” (Fevereiro de 1778).

Nas suas cartas o compositor afirma, em várias passagens, sem sombras para quaisquer dúvidas, que em ópera o elemento mais importante é a música. Os escritores e poetas não gostarão talvez de ler, mas é claríssimo o que Mozart pensava:

Numa ópera é absolutamente necessário que a poesia seja filha obediente da música” (13 de Outubro de 1781). Na mesma data escreveu ainda: “[Em ópera] a música reina como soberana e é preciso esquecer tudo o resto”.

A explicação para tudo isto é lapidarmente dada pelo próprio Mozart, também numa carta:

Não posso exprimir os meus sentimento e os meus pensamentos em verso ou em cores, pois não sou nem poeta nem pintor. Mas posso fazê-lo com sons, porquês ou músico” (8 de Novembro de 1777).

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