O Teatro Wagner ambulante

O Teatro Wagner ambulante

Richard Wagner considerava uma “perfeita imoralidade” os espectáculos de ópera tal como se realizavam fora do seu Teatro de Bayreuth e sempre defendeu que a sua última obra — a ópera Parsifal — fosse exclusivamente representada nesse palco.

Uma obsessão que o perseguiu. Escrevia ele numa carta ao rei Luís II da Baviera a 28 de Setembro de 1880:

“Foi com um sentimento bem determinado que intitulei o Parsifal “Bühnenweihfestspiel” (festival cénico sacro). Devo pois procurar consagrar-lhe um palco e esse apenas poderá ser o meu Bühnenfestspielhaus de Bayreuth, o único que existe. É lá exclusivamente, apenas lá, que deve ser representado o Parsifal em todos os tempos futuros; nunca a obra deverá ser oferecida ao público como entretenimento em algum outro teatro”

Numa outra carta escrita a 18 de julho de 1880, mas esta destinada a Friedrich Feustel :

“o conhecimento efectivo desta minha obra [Parsifal] só deverá ser adquirido, para todos os tempos futuros, pela assistência às representações anuais previstas em Bayreuth”.

Poderemos pensar que, para além de megalómana, extrema, inconcebível, esta posição poderia também ser considerada como tremendamente egoísta e assustadoramente nacionalista, pois, a ser seguida, obrigaria todos os amantes wagnerianos a deslocar-se à Baviera para poder ver o Parsifal.

Não era isso que Wagner desejava, obviamente! Nenhum artista gosta de menos exposição. Prova-o uma carta ao empresário Angelo Neumann datada de 16 de outubro de 1881:

“Nunca ousarei ou poderei fazer representar o Parsifal noutros teatros. A menos que se crie um verdadeiro “Teatro Wagner” ambulante, um palco consagrado que espalharia pelo mundo aquilo que me apliquei até hoje em realizar pura e plenamente no meu teatro de Bayreuth”.

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