Tito Gobbi — a bênção de Iago

Tito Gobbi — a bênção de Iago

Fascinava-me combinar as duas linhas de leitura, a de intérprete e a de encenador, apesar de isso representar um trabalho intenso. Senti-me por isso feliz por poder em 1970 encenar, cantando os meus usuais papéis,  Tosca em Zurique (com o meu antigo amigo Maestro Nello Santi a dirigir), Gianni Schichi em Chicago e Falstaff em Lisboa e em Paris.

(…) Pergunto-me se o sucesso que coroou todas essas iniciativas não deverá algo à bênção de um inesperado santo padroeiro. Isto porque, estando eu a cantar e a encenar Falstaff em Lisboa,  fui convidado para, entre os actos de uma récita, comparecer perante o Presidente da República no seu camarote. Tendo generosamente referido os meus “serviços” à Ópera em Lisboa ao longo dos anos, presenteou-me com uma bela condecoração e informou-me que a partir daquele momento eu estava investido com a Ordem de Oficial de Santiago. Eu julgava conhecer quase todas as coisas acerca de Iago, mas nunca sonharia que ele conseguisse chegar a santo. Aquele espertalhão deve ter seguramente puxado por alguns cordelinhos lá por cima e ter feito algumas das suas habituais intrigas.

De qualquer modo, agora uso a condecoração com orgulho em ocasiões de Estado e espero que ele zele por mim.