O número de Maio de 2018 da conhecida revista inglesa Gramophone dedica um artigo ao presente Embaixador Português no Reino-Unido: Manuel Lobo Antunes. Como reza a introdução do artigo: “O Embaixador de Portugal para o Reino Unido partilha visões da sua história musical e da do seu país”.
Não resisto a transcrever um pouco do que o nosso embaixador disse.
“A vida cultural quando eu cresci era limitada e as escolhas e oportunidades não eram grandes. Tínhamos uma orquestra sinfónica nacional que era suportada pelo estado, mas a música erudita, e a sua educação, eram para burguesia e para quem a podia suportar financeiramente. Depois aconteceu um fenómeno, que foi a Fundação Gulbenkian, criada graças à fortuna deixada ao Estado Português por um multi-milionário chamado Calouste Gulbenkian. Esta Fundação, particularmente focada em artes e em música, atuou sob vários aspetos como um segundo Ministério da Cultura. Construiu o seu próprio Auditório e criou a sua orquestra e a sua companhia de bailado. Isto, juntamente com as mudanças sociais e económicas que se seguiram à revolução democrática de 1974, mudaram radicalmente o panorama musical de Portugal. Tínhamos a Ópera do Teatro de São Carlos durante o tempo da ditadura – mas era para uma élite reduzida, rica e educada. O que a Gulbenkian fez foi abrir a música à generalidade do público, àqueles que não tinham oportunidade de ir a São Carlos, ou de assistir a um concerto. Hoje, muito mais gente pode ouvir e conhecer música. Foi uma transformação profunda e completa.