Cumpre-se a 20 de junho de 2018 o centenário do nascimento, em Alcáçovas (Viana do Alentejo), de Tomaz Emídio Leopoldo de Carvalho Cavalcanti de Albuquerque Schiappa Pectra Sousa Ribas, importante professor, escritor, etnologista e crítico de teatro e dança conhecido como Tomaz Ribas. Recordamo-lo aqui porque ele foi durante muitos anos um dos mais entusiasmados espectadores das temporadas do São Carlos, porque foi Arquivista e Assessor da Direcção do teatro e, sobretudo, porque aqui assinou algumas encenações. Quase todos os seus trabalhos como encenador de ópera em São Carlos foram dedicados à produção portuguesa, com raras excepções: Inês de Castro de Ruy Coelho em 1965; L’Arlesiana de Cilea em 1966; L’Amore Industrioso de João de Sousa Carvalho em 1967; Il Guarany de Carlos Gomes em 1968 (produção inserida nas comemorações do 400º centenário do nascimento de Pedro Álvares Cabral); Fátima, A Rosa de Papel e Crisfal, de Ruy Coelho em 1969; Penélope de João de Sousa Carvalho e D. Duardos e Flérida de Fernando Lopes-Graça em 1970; Dona Mécia de Óscar da Silva em 1971 e, finalmente, As Guerras do Alecrim e Manjerona de António José da Silva em 1972.
Tomaz Ribas entrou no Conservatório Nacional de Lisboa contra a vontade paterna, mas conseguiu ali concluir o Curso Especial de Dança e de Coreografia. Estudou mais tarde na Académie Nationale de la Danse sob a supervisão de Serge Lifar. Foi Secretário e Professor no Centro de Estudos de Dança do Instituto para a Alta Cultura, Director Adjunto do Teatro Nacional D. Maria II, Professor na Escola de Teatro do Conservatório Nacional, no Instituto Superior de Novas Profissões e na Escola de Turismo do Algarve, e foi ainda Delegado do Ministério e da Secretaria de Estado da Cultura na Região Sul (Algarve). Durante anos dirigiu a Divisão de Etnografia e Folclore do I.N.A.T.E.L., foi Membro do Conselho Científico e Orientador de Seminários da Escola Superior de Dança do Instituto Politécnico de Lisboa.
Deixou uma vastíssima obra escrita, dividida entre a ficção e a especialização em etnografia, dança e teatro. Recordamos alguns títulos relacionados com os palcos: O que é o Ballet; O Ballet no Passado e no Presente; O Ballet Contemporâneo; A Dança I e II; Como Fazer Teatro; O Teatro e a sua História; Danças Populares Portuguesas; Danças do Povo Português; Anna Pavlova; Introdução ao Estudo das Danças Populares de Cabo Verde; Introdução ao Estudo das Danças da África Portuguesa; O Teatro Popular de São Tomé e Príncipe; O Tchiloli – Teatro Clássico Popular de São Tomé e Príncipe; Guia de Recolha de Danças Populares; O Teatro Popular Tradicional Português e Monografias da Dança Folclórica da Europa; O Teatro Moderno; A Dança Moderna e Pós Moderna; Danças Populares Tradicionais Portuguesas; Tentativa de uma Classificação das Danças Populares Portuguesas; O Ballet Russo e Soviético; Bosquejo histórico das Danças Tradicionais Portuguesas. Publicou ainda O Teatro da Trindade – 125 Anos de Vida.
Tomaz Ribas foi agraciado com a Comenda de Ordem de Mérito em Portugal e foi-lhe conferido o grau de Doctor Honoris Causa pela Université de la Danse (Paris). Morreu em Lisboa a 21 de Março de 1999.