Clara Anastasia Novello (1818 — 1908) viveu noventa anos e foi durante algum tempo uma voz particularmente notada na Europa por se mover com igual à vontade nos campos do concerto e da ópera. Charles Lamb escreveu o poema “To Clara N.” em sua homenagem.
Nasceu em Oxford Street, Londres, e passou a infância em York. Em 1829 tornou-se aluna na “Institution Royale de Musique Classique et Religieuse” em Paris. Aí, segundo a própria cantora, o intenso estudo da música de Palestrina fortaleceu-lhe a técnica.
A Revolução de 1830 fê-la regressar a Londres e seria em Windsor, a 22 de outubro de 1832, com apenas 14 anos de idade, que teve a sua primeira aparição pública em concerto. Obteve tal sucesso que em 1834 já era escolhida para cantar em sexteto com Giuditta Grisi. Após algum tempo, Mendelssohn convidou-a para cantar na Alemanha, onde Robert Schumann a ouviu e declarou que cada nota dela era tão definida como se fosse tocada num teclado. A soprano brilhou depois em Leipzig, Berlim, Dresden, Weimar, Praga, Viena, São Petersburgo, Munique, entre outras cidades, e visitou Rossini em Bolonha. Acatando um conselho deste compositor no sentido de se dedicar à ópera, Clara Novello trabalhou durante um ano com Micheroux, em Milão. Debutou de novo em Pádua cantando a Semiramide de Rossini em 1841. Obteve imediatamente sucessos em Roma, Génova, e outras grandes cidades italianas e conheceu o Conde Gigliucci, com quem casou em 1843.
Retirou-se em 1860.
Em 1850, dez anos antes da sua retirada dos palcos, Clara Novello cantou em Roma e aí recebeu uma carta que lhe oferecia um contrato (cujo original se conserva nos Arquivos Gigliucci, em Fermo) de 24000 Francos para cantar de Dezembro de 1850 a Junho de 1851 no Real Theatro de São Carlos de Lisboa. Aceitou. Veio, pois, para Lisboa, acompanhada pelo nobre esposo. A sua permanência na nossa cidade foi longa e preenchida. Podemos seguir as suas apresentações em São Carlos na Categoria MIL E UMA E MAIS NOITES neste blog (basta escrever Novello, ou Clara Novello, na Pesquisa e surgirão todas as récitas por ela cantadas no teatro).