A actriz Leonor Seixas, filha de dois artistas que colaboraram em numerosas temporadas líricas e sinfónicas no São Carlos (a pianista Carla Seixas e o tenor Fernando Serafim),  estava destinada pelo Destino a unir o seu fado ao do teatro.

Do que sou primeiríssima testemunha absoluta é que Leonor Seixas veio a São Carlos antes de nascer. Não se trata de qualquer fenómeno de contorno para-normal, mas facto é que a de 13 de abril de 1980, no intervalo de uma récita de La Forza del Destino (récita de arromba, diga-se!!!), estando eu no foyer a recordar com o pianista António Toscano o Prólogo e o I Acto acabados de ouvir, surge-nos uma iluminadíssima Carla Seixas. A auréola, porém, não lhe vinha da música, nem da voz da Zampieri, que nessa noite estava “divina”. A Carla acabara de saber que estava grávida, estava a comunicar-nos a maravilha, e informou desde logo que, se fosse menina, a bébé se chamaria Leonor, em homenagem à Leonore do Fidelio de Beethoven: como se fosse uma fada madrinha da – talvez – futura menina. Que o foi!

Assim, a Leonor Seixas veio cá antes de nascer. Depois, voltou muitas vezes, à plateia e ao palco do teatro.