O nome como adereço de cena!

O nome como adereço de cena!

Uma das desconcertantes descobertas da minha vida foi ter sabido que Marylin Monroe nascera Norma Jean Mortenson! Outra, não menos traumatizante, foi quando me disseram que Joan Crawford, a imortal protagonista do filme Johnny Guitar de Nicholas Ray, fora batizada pelos pais ou padrinhos como Lucille LeSueur. Viria depois a constatar, sempre assombrado, que no universo do cinema estes eram casos usuais!

E no mundo da ópera e da música? Pois também acontece – não será em tanta quantidade, mas acontece.

Por exemplo, o recente diretor da Orquestra Nacional de Lyon, Nikkolaj Znaider, nasceu como Szeps-Znaider. Deu-lhe agora para o arrependimento e regressou ao nome original. Caso mais famoso ainda é o do soprano Helen Porter Mitchell, australiana, que todos conhecem. Quero dizer, todos conhecem o nome artístico que ela adotou e com o qual prestou homenagem à sua cidade natal, Melbourne. Falo obviamente de Nellie Melba (1861-1931), uma das mais apaixonantes vozes da história. Outra famosa australiana enveredaria pelos mesmos trilhos: Florence Mary Wilson, artisticamente metamorfoseada para Florence Austral. Atravessando o Pacífico, outro caso não menos estelar é o da cantora norte-americana Belle Silverman, que ficou imortalizada como … Beverly Sills. Por vezes isto acontece pontualmente. A compositora Rebecca Clark, por exemplo, masculinizou o seu nome para Anthony Trent quando assinou a composição Morpheus para violino e piano.

Portugal, na sua vertente lírica, também não foi imune a estas trocas. Manuela Castani, por exemplo, meio-soprano portuguesa que nos anos 80 cantou em São Carlos papeis tão importantes como Amneris em Aïda, Laura em La gioconda, Angelina em La cenerentola, Isabella em L’Italiana in Algeri, não nasceu “Castani”. O seu apelido foi “italianizado” no nome artístico que adotou.

Os nomes, como se constata, também podem ser “adereços”.

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