Em Brasília, cidade Património da Humanidade, a arquitectura é rainha. O Palácio do Itamarati, a Catedral, a Praça dos Três Poderes, o Museu Nacional, o Teatro Nacional e a Igreja de João Bosco são de visita obrigatória. Bem como o grande mural de azulejos de Júlio Pomar, uma das maiores representações gráficas do conceito de alegria que conheço. Está na Praça de Portugal. Aqui vai apenas um pedacinho desse maravilhoso painel.
Quando estou em Brasília nunca esqueço a minha primeira visita a essa capital, em 2005. A Rádio Cultura daquela cidade convidou-me para ir lá realizar uma semana de um programa radiofónico. Foi uma experiência fantástica, pois o programa foi transmitido em directo para Portugal e para todo o Distrito Federal no Brasil. Entrevistei na ocasião variadíssimas personalidades, uma das quais Oscar Niemeyer. Não resisto a contar um pormenor engraçadíssimo. Perguntei-lhe eu, a dada altura, em que é que a arquitectura pode ajudar a Humanidade. A resposta deixou-me absolutamente boquiaberto:
– Ajuda nada, menino! O que ajuda a Humanidade é virmos todos para a rua gritar vivas ao Irão e chamar cabrão ao Bush!
Recordo que os programas eram … em directo!
Estou a escapar-me da história principal. Depois dessa primeira visita em 2005 regressei a Brasília em Novembro de 2009 para comissariar, com o Fernando Carvalho, uma exposição sobre a história do nosso Teatro de São Carlos. A exposição era constituída por programas, fotos, cartazes, gravuras, partituras e livros, e por uma série de caricaturas de cantores de ópera que me foi emprestada pelo Osvaldo de Souza. Foi também criado na exposição um núcleo dedicado a Saramago e a Azio Corghi, tendo o compositor italiano escrito um texto especialmente para o evento.
A exposição inaugurou e, confesso, não despertaram grande entusiasmo as fotos e os programas autografados de Callas, Schwarzkopf, Tebaldi, Cossotto, Knappertsbusch, Kempff, Fischer, etc.
Porém, eu quis também homenagear Amália Rodrigues, pois a cantora apresentou-se em São Carlos, e decidi fazer do último dia da exposição uma Noite Amália Rodrigues.
Foi a enchente! Os brasileiros compareceram em peso, apaixonados, e ficaram a ver e a rever um concerto efectuado em Tóquio.
Esta disputa entre Amália e as líricas recordou-me, obviamente, uma deliciosa caricatura que o Zé Manel desenhou há uns anos e que me ofereceu.