Fazer de homem…

Alessandra Volpe é a jovem meio-soprano italiana que virá cantar o Romeo na presente produção da ópera I Capuleti e i Montecchi de Bellini. Graduada em piano e   canto pelo Conservatório de Bari, a sua carreira iniciou-se nesta cidade em 2005 com óperas do século XX (Ascensão e Queda da Cidade de Mahagonny, L’Enfant et les sortilèges ou The Beggar’s Opera na versão de Britten). Cedo, porém, a produção oitocentista entrou decisivamente no seu repertório, com óperas de Rossini (Barbiere, Italiana, Guillaume Tell), Bellini (Adalgisa em Norma), Donizetti e com incursões verdianas significativas (Eboli, Messa da Requiem, Amnéris).

Estrear-se-á agora em Lisboa para interpretar o personagem de Romeu, um dos mais conhecidos e amados da história do teatro e da música. É um papel “travesti”, o que acontece pela primei vez na carreira de Alessandra Volpe, e é isso que ela quis em primeiro lugar sublinhar.

AV: É interessante participar nesta produção porque é a primeira vez que interpreto um homem e estou mais habituada a fazer de mulher – e de mulheres conquistadoras como Carmen, por exemplo. Em relação ao bel canto, tenho interpretado Adalgisa, papeis donizettianos, Rossini e estava ansiosa para que me convidassem para cantar os Capuleti e i Montecchi, até para poder afrontar um papel masculino. Vocalmente, Romeu cai-me muito bem, porque está escrito para meio-soprano lírico e pode fazer sobressair a “virilidade” da voz de meio-soprano. Estou felicísisima com esta produção belíssima, que é pena estar pouco tempo em cartaz. A ópera é muito bela e esta encenação de Arnaud presta justiça à ópera de Bellini porque faz sobressair o seu ímpeto e energia.


Alessandra Volpe sublinha que é diferente cantar um papel masculino:

AV: Ser homem é absolutamente diferente e eu sendo uma mulher com muita feminilidade estou a violentar-me para o poder fazer, mas conseguirei. A vocalidade muito enérgica do papel ajuda-me até a interpretá-lo com muita energia masculina.


Sendo meio-soprano, Alessandra Volpe estará preparada, à partida, para a assunção de papeis “travesti”, dao que não faltarão oportunidades de cantar Cherubino, Oktavian, Idamante, Tancredi, Malcolm, Smeton, Siebel, Orlofsky, e tantos outros. Essa ideia dá-lhe felicidade:

AV: Há muitos papeis travesti e sinto-me feliz por poder provar outro tipo de sensações, outro tipo de figurinos, etc.


As últimas palavras foram sobre Lisboa e a presente produção belliniana:

AV: Lisboa é uma cidade fantástica, mas isso vocês portugueses sabem muito bem – acabei de a conhecer e estou felicíssima por estar cá. Convido-vos a virem ver porque este é um espectáculo muito enérgico e apaixonante. Quem vier, não se vai arrepender.


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