Com a aproximação do ano de 1931, data do 150º aniversário da estreia absoluta do Idomeneo, re di Creta de Mozart, alguns teatros de ópera europeus desejaram comemorar condignamente a efeméride. Erguiam-se, porém, dificuldades de vária ordem, pois esta ópera – por mais valor estético e histórico que pudesse ter – permanecia quase desconhecida para as audiências dos Anos 30 do século XX e estas, para além do mais, considerariam seguramente a partitura ultrapassada. Munique e Viena resolveram o problema convidando dois renomados maestros e compositores de ópera do século XX para escreverem revisões. Personalidades que, naturalmente, se tivessem já notabilizado no campo mozarteano.

Assim, Munique, a cidade que assistira à estreia da obra, convidou Ermanno Wolf-Ferrari para efectuar uma revisão que foi levada à cena em 1931. A Staatsoper de Viena apresentou uma outra revisão, esta confiada a Richard Strauss.

Richard Strauss usou um libreto em alemão e substituiu partes importantes da partitura mozarteana com música de sua autoria, rearranjando a restante. Efectuou ainda outras importantes alterações, mas seria talvez um pouco malévolo lançar aqui a hipótese de que teria sido um sentimento extremo de “paternidade” que o fez substituir o personagem de princesa Elettra pelo de uma sacerdotiza chamada Ismene.

Em 1984 a cidade de Nova-Iorque apresentou esta versão straussiana com Jerry Hadley (Idomeneo), Dolores Ziegler (Idamante) e Alessandra Marc (Ismene). Tanto Hadley como Marc cantaram em São Carlos.