“Portanto, sim, a Jóia da Coroa!”

Maria Fernanda Rollo, professora universitária e historiadora portuguesa, Secretária de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior desde 26 de novembro de 2015, esteve presente em São Carlos na recente estreia da nova produção de Idomeneo, re di Creta de Mozart. Perguntei-lhe se para ela a expressão “jóia da coroa”, que surge colada ao nosso Teatro desde a fundação do mesmo, continua a ser válida.

Claro que sinto que o Teatro Nacional de São Carlos é “a jóia da coroa”.

Falo como portuguesa, mas não só, dado que eu tenho uma focagem diferente por ser historiadora de formação — quando olho para estas coisas vejo-as, pois, sempre a contar a História. O Teatro de São Carlos é também a transposição daquilo que foi um tempo histórico em Portugal. Quando olho para o palco, para a decoração, para o edifício (e penso até nos seus maus momentos, e nas necessárias recuperações), parece-me sempre ver as pessoas que passaram por cá e os acontecimentos que aqui se registaram; penso nos tempos antigos, na redescoberta da ópera, na forma como esta convive com a sociedade, a ultrapassa e a antecipa… Este é um espaço magnífico, mas sobretudo tem este concentrado de coisas que aconteceram e que contam a nossa história. Para mim, continua a ter a dimensão simbólica de algo que abarca simultaneamente a realidade e um imaginário.

Portanto, sim, a jóia da coroa!

Perguntei também a Maria Fernanda Rollo se recordava o primeiro espectáculo a que assistiu em São Carlos.

Recordo-me da primeira vez que aqui vim, eu era muito jovem, ainda adolescente. Vim com os meus pais. Já não consigo lembrar a que é que assisti, mas recordo que estava sobretudo esmagada com este espaço e com o peso que este espaço tem. Não me consigo lembrar do título, mas lembro-me dessa visita como se fosse hoje — acho que até consigo identificar o camarote onde fiquei.

Maria Fernanda Rollo recorda bem outros espectáculos em São Carlos …

Ah. Recordo-me de muitos espectáculos, por isso é muito difícil escolher! Mas houve um momento, não há muito tempo, que me deixou muito sensibilizada por ter sido um momento especial que acho que só podia ter acontecido aqui — um espectáculo com a Elisabete Matos. Foi muito especial e intimista, mas ao mesmo tempo foi também uma celebração àquilo que nós somos como país.

Falámos também da Ilia interpretada por Ana Quintans.

Eu estava deslumbrada com a Ilia de Ana Quintans e sobretudo pelo facto de a podermos juntar a outros jovens artistas portugueses que começam a ter um grande protagonismo na música, como instrumentistas ou como cantores. É absolutamente incrível. Acho que podemos ser muito grandes na música. Foi mesmo comovente!

Como é bom! Eu até acho que eles cantam melhor por serem portugueses.

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